Brincar para aprender

Publicado por Carlos Ramos em

Vários autores reconhecem que a promoção de atividades que favoreçam o envolvimento da criança em brincadeiras têm função pedagógica. Ou seja, a atividade lúdica é um fator promotor de desenvolvimento físico, linguístico, cognitivo, emocional e social. É uma forma de conhecer e explorar o mundo que a rodeia, descobrindo, observando, imitando, construindo e até inventando.

Brincadeiras ao ar livre e nas quais a criança exercite o corpo, danças, corridas, andar de bicicleta, Macaquinho do Chinês, por exemplo, permitem-lhe aumentar resistência, força, velocidade e coordenação desenvolvendo-se a nível motor.

Comunicar, partilhar, cooperar, esperar pela sua vez, tomar decisões, cumprir regras, empatizar, desenvolver amizades e sentimentos de pertença ao grupo são essenciais para o desenvolvimento de competências intelectuais e sociais e são aprendidas nas brincadeiras e jogos desde os primeiros anos de vida.

Errar e tentar de novo, lidar com a frustração de não conseguir fazer ou de não ser tudo à sua maneira, treinar novos comportamentos para a resolução de problemas no dia a dia são indispensáveis para o sucesso na vida adulta e podem ser aprendidas desde a infância…a brincar.

Brincar ao faz-de-conta tão conhecido como “brincar aos pais e aos filhos”, “brincar aos médicos”, “brincar às casinhas” através de dramatizações permite representar papéis sociais e profissões. Para além disso, as crianças gostam de reproduzir as suas histórias familiares, dramatizando e expressando as suas emoções (medo, preocupações, raiva, alegria) sem receios e, às vezes, explorando desfechos diferentes da sua própria vivência. Neste sentido, também os desenhos, as plasticinas com criação de personagens e histórias promovem o desenvolvimento emocional da criança.

Deixamos-lhe alguns exemplos específicos de várias brincadeiras que podem fazer juntos e quais as habilidades que estará a desenvolver.

  • Parque infantil: desenvolve habilidades motoras (subir, equilibrar, saltar, controlar o corpo), percetivas (calcular distâncias, controlo de movimentos), conceitos matemáticos (contagens, calcular distâncias), sociais (resolução de problemas, criação de histórias).
  • Origami: desenvolve habilidades manipulativas (destreza dos dedos), percetivas (cores, linhas, padrão, reprodução de modelos), conceitos matemáticos (“em baixo”, “a maior parte”, “metade”), linguísticas (vocabulário).
  • Saltar à corda: desenvolve habilidades motoras (saltar, equilibrar, coordenar movimentos), habilidades matemáticas (contagens, planear), linguísticas e sociais (ritmo, cantar, trabalho de equipa).
  • Legos ou plasticinas: desenvolve habilidades manipulativas (ação coordenada de duas mãos, força), percetivas (cores, linhas, padrão, reprodução de modelos), linguísticas (vocabulário), sociais (criação de histórias).
Como vê, brincar é indispensável para o desenvolvimento humano a todos os níveis. As brincadeiras livres abrem caminho para a criatividade e imaginação, e por incrível que pareça, quantos menos materiais a criança tiver, mais ideias novas desenvolverá de forma espontânea. Faça um exercício de memória e recue à sua infância. Não precisava de telemóveis, videojogos, nem computadores para se divertir à grande, pois não?

Quer um filho mais inteligente e equilibrado? Dê-lhe tempo para brincar! Quer melhorar a sua relação com ele? Brinquem juntos, todos os dias!

Por Raquel Carvalho
Psicóloga Clínica, Equipa Mindkiddo - Oficina de Psicologia

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