O lado negro dos brinquedos de plástico

Publicado por B de Brincar em

 

Os brinquedos quase que podem ser considerados sinónimos de infância. Com eles as crianças crescem e desenvolvem-se. Mas nem todos os são criados da mesma forma.

Estima-se que, em todo o mundo, 90% dos brinquedos são feitos de plástico. Quer seja por causa dos impactos na saúde dos químicos que o compõem, quer pelo seu impacto ambiental, a verdade é que cada vez mais se fala dos malefícios do plástico.

Na B de Brincar, sempre tivemos o cuidado de escolher brinquedos com o mínimo de plástico envolvido possível, optando sempre por materiais mais sustentável, com especial relevo para a madeira.

Gostaríamos de partilhar convosco as razões dessa opção (e critérios para a nossa escolha dos brinquedos que vendemos), divulgando o lado negro dos brinquedos de plástico.

 

1 - Recursos

O plástico necessita de uma quantidade significativa de recursos na sua produção. O petróleo, um recurso não renovável, é o principal material utilizado. Mas também são necessárias grandes quantidades de energia e água para a produção de plástico, contribuindo para as emissões de gases com efeito de estufa e para a poluição aquífera.

As últimas notícias do Norte de Espanha referentes à "maré de plástico" demonstram bem os riscos do mesmo. A vida útil reduzida dos brinquedos de plástico e as dificuldades na sua reciclagem, fazem com que eles acabem em aterros onde levarão centenas de anos para se decompor. Torna-se por isso cada vez mais importante procurar alternativas mais sustentáveis para os nossos filhos.

 

2 - Químicos prejudiciais

Os brinquedos de plástico podem ser coloridos e divertidos, mas debaixo dessa capa esconde-se um perigo: químicos perigosos e prejudiciais.

Apesar de já estarmos atentos a isso quando compramos garrafas para água e biberons, ainda não temos esse cuidado nos brinquedos, que são objectos que os nossos filhos colocam na boca de uma forma direta ou indireta (através das mãos).

Muitos brinquedos de plástico contêm químicos como ftalatos, bisfenol A (BPA) e chumbo, que estão ligados a uma série de problemas de saúde, incluindo atrasos no desenvolvimento, desequilíbrios hormonais e até cancro. Os ftalatos, por exemplo, são utilizados para tornar o plástico mais mole e flexível, mas já se demonstrou que afecta as hormonas e impacta no sistema reprodutivo. De forma semelhante, o BPA encontrado nos plásticos policarbonatos está ligado a problemas neurológicos e de comportamento.

Dado que as crianças pequenas são muito mais susceptíveis aos efeitos negativos destes químicos, os pais deverão ter uma grande atenção na escolha dos brinquedos que trazem para a sua casa e optar por alternativas que não comprometam a saúde dos seus pequenos.

 

3 - Segurança

Os brinquedos de plástico podem parecer inofensivos à primeira vista, mas existem diversas preocupações acerca da sua segurança que os pais devem estar atentos.

Sendo mais susceptíveis de se partirem, podem provocar um risco de asfixia se forem ingeridos. Além disso, o plástico a quebrar-se pode formar pontas aguçadas ou bordas que podem causar ferimentos. Quando conjugados com pilhas do tipo botão ou ímanes pequenos, o perigo pode tornar-se mortal. Os pais deverão sempre optar por brinquedos, seja de plástico ou de outros materiais, que cumpram as regras e regulamentos de segurança de forma a se assegurar que as brincadeiras sejam seguras.

 

4 - Durabilidade

Ao comprar brinquedos de plástico, muitas vezes negligenciamos o facto de a sua durabilidade e longevidade não serem muito grandes. Estes brinquedos são desenhados para serem utilizados durante um curto período de tempo e são mais suscetíveis a partirem-se, a lascarem ou a perderem partes pequenas.

Também têm tendência a perder cor devido à exposição solar ou utilização mais intensa, levando a que tenha um aspecto visual menos apelativo e por isso sejam mais facilmente descartados. Não nos podemos esquecer também que a legislação e as normas de segurança de brinquedos sofrem sempre actualização conforme a ciência nos prova os malefícios dos químicos utilizados. O que significa que brinquedos da nossa infância muitas vezes têm níveis de químicos não aceitáveis no nosso momento actual. Algumas marcas como a Fisher-Price recomendam que os seus brinquedos vintage sejam utilizados apenas para decoração. Mas não é necessário recuar muitos anos para vermos essa evolução. Alguns dos brinquedos fabricados antes de 2011 já não cumprem as normas actuais.

Optando por brinquedos de maior qualidade, feitos de madeira, metal ou outros materiais duráveis, podemos assegurar-nos que os mesmos possam aguentar anos de utilização e que possam ser passados a irmãos mais novos ou a futuras gerações.

 

5 - Qualidade

A qualidade dos brinquedos é sempre um factor a ter em conta quando os compramos. Apesar das cores vivas apelativas e a variedade de formas, a qualidade e longevidade dos brinquedos de plástico deixa muitas vezes a desejar. Muitos são fabricados com materiais de baixa qualidade (para reduzir custos) e por isso partem-se facilmente, tornando-se um risco para as crianças e um entretenimento de curta duração. Apostar em brinquedos de madeira, ou de outro material mais sustentável, tende a ser uma aposta mais segura e durável.

 

6 - Interacção

Cerca de 90% dos brinquedos no mercado são de plástico, mas será que as crianças interagem com eles da forma como queremos? Apesar de alguns desses brinquedos serem divertidos, faltam a muitos os elementos sensoriais e tácteis que fazem com que haja uma verdadeira interacção com as crianças e que promovam um desenvolvimento saudável. O foco destes brinquedos é muitas vezes a aparência e a função, em vez da promoção do desenvolvimento cognitivo e das capacidades de resolver problemas. Em vez de inspirar a criatividade e a imaginação, os brinquedos de plástico muitas vezes têm funções pré-determinadas, sons e designs que limitam a habilidade de as crianças brincarem e explorarem. Além disso, podem limitar as oportunidades de interacção social, por promoverem frequentemente actividades solitárias e passivas. Daí que sejam brinquedos de curta duração, que as crianças colocam de lado passado uns meses.

Brinquedos de materiais mais sustentáveis e com funções não tão definidas são brinquedos que podem ser utilizados durante muito mais tempo devido à própria interactividade que a criança cria com os mesmos. Para além disso, devido às capacidades que estes brinquedos promovem, são muito mais educativos que a maioria dos brinquedos de plástico. Não precisam de pilhas para funcionar!

 

7 - Reciclabilidade

A indústria dos brinquedos é uma das mais responsáveis mundiais pela poluição de plástico. De facto, por cada milhão de dólares americanos de facturação, esta indústria utiliza 40 toneladas de plástico. É a indústria mais "plástico-intensiva" do mundo!

Esta é uma indústria que gera cerca de 90 mil milhões de dólares de facturação anual, sendo que 90% dos brinquedos no mercado são feitos de plástico, contribuindo para a crise global do desperdício deste material.

A reciclagem parece ser uma solução, mas infelizmente não é assim tão simples. A maioria dos brinquedos de plástico são feitos de uma mistura de materiais, como PVC, ABS ou policarbonato, o que os torna um desafio para conseguir reciclá-los eficientemente. Adicionalmente, as centrais de reciclagem não aceitam brinquedos de plástico por serem muito pequenos ou com estarem misturados com outros materiais, tornando-os impossíveis de separar. Isso significa que o destino mais provável para estes brinquedos seja os aterros ou as incineradoras, contribuindo para a degradação ambiental e para a poluição. E guardá-los para uma futura criança também não é uma solução muito segura devido à degradação dos materiais e aos químicos que os compõem. Devemos optar sempre por materiais mais sustentáveis, tentando dessa forma evitar a contribuição para este tão grande flagelo.

 

Em conclusão, os brinquedos de plástico podem ser convenientes e atractivos, mas trazem com eles uma factura alta. Desde os químicos prejudiciais à saúde e desenvolvimento, principalmente dos mais novos, aos impactos negativos no planeta que nos rodeia.

Felizmente existem alternativas mais saudáveis, mais seguras e com um impacto ecológico menor.

Na B de Brincar temos sempre o cuidado de escolher os brinquedos que disponibilizamos de acordo com estes princípios: contribuir para criar memórias que perduram, com brinquedos seguros e que estimulam as oportunidades de brincadeiras contribuindo para o desenvolvimento da imaginação, da criatividade e das capacidades motoras, tentando criar um futuro mais saudável.

Vamos agora brincar?


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