Brinquedos para rapaz e brinquedos para rapariga?

Publicado por Carlos Ramos em

O que pensar de blocos de construção em embalagem azul com a frase “Para meninos” e em embalagem rosa com a expressão “para meninas”? O que dizer quando se encontram à venda frases magnéticas com opção para rapaz e para rapariga?

A distinção dos objectos de brincadeira por sexo reflecte a crença de que há interesses inatos diferentes consoante o género. Em bom rigor, apenas reflecte estereótipos sociais e culturais que em nada contribuem para um crescimento saudável. Essa distinção reforça, de resto, a ideia errada de que há muito mais que separa homens e mulheres do que semelhanças.

E ao contrário do que se poderia pensar, estudos recentes mostram que está a aumentar a tendência para fazer essa separação e que rapazes e raparigas param de brincar juntos cada vez mais cedo do que é considerado normal em termos de desenvolvimento.

Todos os (bons) educadores e especialistas concordam que as crianças necessitam de ter acesso a diferentes tipos de brinquedos e experiências lúdicas e que brincar é crucial para o seu desenvolvimento e para o seu conhecimento do mundo. Porque limitar essa aprendizagem?

Ao escolhermos brinquedos conforme o sexo da criança, estamos a impor com base nesse critério, quem ela deverá ser, como se deverá comportar, quais deverão ser os seus interesses, quais as cores que deverá gostar ou banir, em vez de a deixar descobrir tudo isso por si própria. Uma das vantagens que um bom brinquedo tem é exactamente permitir a descoberta.

Ao distinguir desta forma os objectos de brincadeira estamos a vedar o desenvolvimento de capacidades importantes. Por exemplo, os brinquedos focados em acção ou construção - normalmente identificados como típicos de rapazes - são importantes para desenvolver capacidades de resolução de problemas, para ensinar noções de espaço e encorajam à actividade; brinquedos direccionados para o “faz de conta” e relacionados com artes plásticas – associados habitualmente ao sexo feminino – desenvolvem a motricidade fina e a perseverança.

Esta divisão vai, de resto, contra todo o esforço de promoção da igualdade de género. Se queremos salários iguais, que tal começar com brincadeiras iguais?

Por tudo isto, a nossa resposta às perguntas iniciais é apenas uma: absurdo! Na B de Brincar® não fazemos distinção: os brinquedos não têm género.

E como pais, que poderemos nós fazer? Na verdade, a resposta não é difícil: basta ser mais crítico relativamente ao marketing que nos invade diariamente, deixar à criança o poder da escolha e acabar de vez com comentários do tipo “isso é para meninas/meninos”.

Há diferenças entre géneros? Sim, haverá, mas deixem-nas ser naturais!


Texto escrito pela B de Brincar para a Pumpkin


Partilhar esta publicação



← Publicação Mais Antiga Publicação Mais Recente →


0 comentários

Deixe um comentário

Tenha em atenção que os comentários precisam de ser aprovados antes de serem exibidos.